Em pé: Alison, Wilson, Robinho, Matheus, Juninho e Cezane; Agachados: Luan, Balbi, Mineiro, Tuco e Ryan (Foto: Saulo Marino) |
Escrito por Gustavo Curvelo
Feliz Natal pra quem? No ano de 2013 o Paulistinha
realizou uma histórica campanha no Campeonato Paulista da Segunda Divisão. Mesmo com
salários modestos e se queixando de falta de apoio da cidade, os jogadores
formaram o que chamaram de “Família CAP”, e levaram o clube até a quarta e última fase
da competição, quase chegando ao inédito acesso - entre os 45 clubes que
disputaram o campeonato, o Tio Patinhas acabou na sexta posição, sendo que quatro
equipes vão jogar a Série A3 de 2014. Mas, por onde andam estes jogadores? Depois
da ótima campanha, conseguiram alçar voos mais altos no mundo do futebol? A
reportagem do Futebol de São Carlos pesquisou, e descobriu que, ao contrário do
que muitos esperavam, poucos atletas conseguiram emprego para o ano da Copa.
No mês de Dezembro muitas equipes
já encerraram suas atividades em 2013. A maioria delas realiza o planejamento
para a próxima temporada, e as festividades de final de ano são a oportunidade
para traçar metas com mais calma em meio à correria do dia-a-dia. Enquanto
isso, a maioria dos atletas profissionais descansa, mas a dura realidade da
quarta divisão do Campeonato Paulista não permite que jogadores como os que
defenderam o Paulistinha na temporada 2013 façam o mesmo. Sem clube, os
atletas seguem esperando por propostas, que não vieram nem mesmo com as boas
atuações no ano.
Este é o caso do volante Rafael
Mineiro, titular da equipe comandada por Gilmar Rodrigues durante toda a
competição e autor do heroico gol contra o Olímpia, aos 49 minutos do segundo
tempo, no último jogo da 3ª Fase, que resultou na classificação do clube para o
quadrangular decisivo, levando os poucos torcedores e os jogadores do CAP às
lágrimas no estádio do Luisão. O atleta de 21 anos chegou ao profissionalismo no
União São João de Araras, onde ficou até 2012, e acertou com o Paulistinha
buscando uma nova chance de alavancar sua carreira.
Mineiro conta que o diferencial
da equipe foi a união do grupo. “Era um time sem vaidade. Nos unimos em busca
de um único objetivo”, lembra o atleta, que não consegue entender a falta de
interesse de clubes em contar com seu futebol e de seus companheiros. “Sinceramente
eu não sei responder. Isso é uma decepção, pois fizemos uma grande campanha”,
ressalta.
Natural da cidade de Arcos, MG, o
volante demonstra gratidão ao clube do interior paulista e diz que nunca
esquecerá sua passagem de cerca de meio ano pela equipe. “O Paulistinha foi uma
grande oportunidade de mostrar meu futebol e saber que tem pessoas boas e
honestas no esporte. Fiz muitas amizades. Foi uma passagem que sempre levarei
comigo como experiência e aprendizado”, diz. Para seguir atuando profissionalmente,
Mineiro revela não ter preferências por certas equipes ou estados para atuar em
2014. “O que vier está bom. Vale a pena tentar”, completa.
Outro que também encontra-se
disponível para negociações é o ala-esquerdo Luan, que usou a braçadeira de
capitão no início da competição. Assim como Mineiro, o atleta diz estar surpreso
com a atual situação. “Não esperava ficar tanto tempo sem clube, porque fizemos
uma boa campanha e avalio que apresentei um bom futebol no campeonato”, comenta
o atleta, que queria ter conquistado o acesso com o Paulistinha para continuar
em São Carlos em 2014.
Como a atual situação está adversa,
o jogador adotou a cautela como forma de manter-se focado para seguir vivendo
do futebol. Com tranquilidade, Luan quer voltar aos campos para mostrar que tem
talento. “O trabalho foi bem feito e tenho fé em Deus que as coisas vão
acontecer naturalmente”.
O ala também falou sobre o
calendário do futebol brasileiro. Segundo Luan, é preciso modificar o tempo de
duração de algumas competições, deixando-as mais duradouras. “No caso da
Segunda Divisão, eu acho que deveria ser mais valorizada em relação ao
calendário, pois muitos jogadores poderiam fechar contrato por um período maior
de tempo”.
Quem também comentou sobre
calendário foi Rubens Tuco, camisa 10 do Paulistinha no estadual e um dos
principais responsáveis por comandar o meio de campo da equipe, que também encontra-se disponível no mercado. O jogador deu
ênfase para a questão dos contratos de pequena duração proposto aos atletas, o que
faz com que muitos abandonem o futebol precocemente. “Contratos mais longos ajudariam os atletas a
trabalhar mais tranquilos e ter mais oportunidades, mas os clubes do interior
não tem o calendário cheio, então são poucos clubes que fazem esse tipo de
contrato”, analisa, emendando uma possível solução. “Se não tiver jogos duas
vezes por semana, pode aumentar o número de jogos das competições, e isso seria
um bom caminho”.
Rubens Tuco também falou o motivo
pelo qual a busca por emprego dos ex-atletas do Paulistinha tornar-se
incessante. “Na minha opinião, a falta de empresários e o pouco número de
contatos que os atletas tem fizeram com que as propostas não chegassem. Um
pouco de divulgação ajudaria muito”, palpita o ‘cérebro’ da equipe na Série B. Quando
questionado sobre a influência da transmissão de alguns jogos pela TV, mostra
que nem sempre é o suficiente para conseguir novos contratos. “Muitos jogadores
se destacaram nos jogos transmitidos pela TV, mas mesmo assim estão sem clube”,
finalizou.
Outro jogador que se destacou foi
o goleiro Alison. Aos 23 anos, o jogador já não carrega mais a esperança dos
ex-parceiros de clube, e cogita abandonar a carreira. “Já havia me desanimado
com o futebol, mas nunca pensado em parar. Hoje tenho esposa e filho que
dependem de mim, e quando você fica desempregado, começa a pensar melhor na
situação”, analisou. “O futebol pra mim é um sonho, e o que me mantém vivo
neste sonho é saber que tenho potencial e que minha fé me mantém em pé, sempre
sonhando que minha hora vai chegar”, disse.
Até a publicação dessa reportagem,
70 dias após o fim do Campeonato Paulista da Segunda Divisão, apenas 4 (quatro!)
atletas que jogaram pelo Paulistinha em 2013 estavam empregados. São eles: o
zagueiro Lucas Cezane (Matonense), o volante Renan Balbi (São Carlos), e os
atacantes Robinho (Tupã) e Luizão (Nacional de Muriaé-MG).
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